Empreendedores de Ilhéus são exemplo para quem quer sair da informalidade

Se para a grande maioria das pessoas perder o emprego aos 47 anos de idade significa o fim de um ciclo produtivo no mercado de trabalho, para Manoel Barbosa, o Neto, morador de Ilhéus, no sul da Bahia, foi o salto que ele precisava para encontrar o caminho do sucesso, investindo no próprio negócio. Motorista profissional e operador de máquinas pesadas, ele foi demitido há seis meses. Depois de uma série de tentativas frustradas de reingresso no mercado de trabalho, resolveu transformar os elogios de uma receita caseira em um negócio que, hoje, já garante o sustento de toda a sua família. “Quando vi que ia dar certo, passei a ter a sensação de que não era mais um desempregado. Mas, sim, um empreendedor”, afirma orgulhoso.

A receita do sucesso misturou inspiração e senso de oportunidade para garantir a sobrevivência da família com o talento da esposa Rita de Cássia Barbosa. Foi quando as coisas apertaram que ela lembrou-se de uma sempre elogiada receita de um tablete de cacau, que pertencia a uma tia e era a sobremesa predileta da família nos finais de semana. “Todo mundo elogiava muito e repetia sempre. Então, resolvi aprimorar e inclui mais alguns ingredientes para deixar o tablete ainda mais saboroso”, destaca. Resultado: no primeiro semestre de atividade, o casal já produz, todos os dias, 20 kg de chocolate para atender a uma demanda de hotéis, pousadas e agências de turismo da região. “A gente não para mais”, comemora Rita de Cássia.

O sucesso empresarial de Mário e Rita de Cássia só foi possível porque o casal deixou a informalidade. Rita de Cássia procurou o Sebrae e se formalizou como Empreendedora Individual. Na área da Unidade Regional do Sebrae em Ilhéus, já atuam cerca de 6 mil trabalhadores por conta própria legalizados. No Mutirão do Empreendedor Individual, que acontecerá no período de 3 a 7 de julho, a instituição vai intensificar as ações em busca de novos interessados em aderir ao programa.

Nos Pontos de Atendimento de Ilhéus e de Itabuna, técnicos estarão à disposição dos interessados, que devem comparecer munidos da Carteira de Identidade, CPF e comprovante de endereço do local onde o negócio vai funcionar. Mas o registro também pode ser feito pela internet, através do
Portal do Empreendedor .

De acordo com Renato Lisboa, coordenador regional do Sebrae, durante o período da SEI estão previstas oficinas no município de Camacan, na sede da CDL local. Os temas serão “SEI Empreender” (dia 4, das 9h às 12h e das 13h às 16h), “SEI Controlar meu dinheiro” (dia 5, das 9h às 12h) e “SEI Vender” (Dia 5, das 13h às 16h). Mas Renato Lisboa ressalta que outras oficinas estão previstas para acontecer após o Mutirão do Empreendedor, período em que a política de adesão de novos Eis prossegue com mutirões nos PAs do Sebrae. Inicialmente, Firmino Alves (Dia 18 de julho) e Itabuna ( De 23 a 26 de julho) serão beneficiados com as mesmas oficinas de Camacan.

A meta da regional de Ilhéus para este ano é promover 3.957 formalizações e a equipe já atingiu mais da metade dessa meta, com a legalização de 2.009 novos Empreendedores Individuais.

Apoio fundamental - Antes da formalização, nada era fácil para o casal Manoel e Rita de Cássia. O fruto do cacau, matéria-prima essencial para o doce, era comprado a preços bem acima do mercado. O lucro era reduzido. O casal resolveu então procurar a Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar do Sul da Bahia (Coofasulba) e conseguiu firmar um convênio para a compra do cacau direto do pequeno agricultor da região. “Com essa medida conseguimos reduzir em 40% o custo do fruto e isso deu muito mais condições de tocarmos o nosso próprio negócio”, explica Neto.

O passo seguinte foi procurar o Sebrae em Ilhéus e pedir orientações técnicas. O casal assegura foi a melhor coisa que fizeram. A primeira ajuda do Sebrae foi encaminhar o tablete para uma análise química. “A qualidade, claro, foi aprovada”, gaba-se Rita de Cássia. Com essa garantia, a conquista do mercado regional também foi um pulo. “Hoje temos uma empresa e um produto que muito nos orgulha”, afirma. O gestor do Projeto Território de Cidadania Litoral Sul, Jefferson Lomanto, que acompanha a evolução do trabalho, informa que a consultoria vai continuar. O Sebrae agora trabalha na elaboração de embalagens e no estudo de mercado para valorizar ainda mais o doce que, de uma tradição familiar, começa a cair no gosto popular.